Missão cumprida: MOÇAMBIQUE NO CAN!

A Selecção Nacional de Futebol AA – Mambas, qualificou-se, este sábado no Estádio Nacional do Zimpeto, em Maputo, à 34ª edição do Campeonato Africano das Nações 2023, a ter lugar de 13 de Janeiro a 11 de Fevereiro de 2024, na Costa do Marfim.

 

O feito histórico foi alcançado por Moçambique, mercê de uma vitória sobre o Benin por 3-2, no jogo da sexta e última jornada do Grupo-L de qualificação para a prova. Mais de quarenta mil pessoas assistiram ao jogo, incluindo um espectador especial, o Presidente da República, Filipe Nyusi que também viveu a "in loco” todas as emoções da qualificação. Com empate, os Mambas também se qualificavam para a sua quinta presença no CAN. A última vez que Moçambique foi há 13 anos, quando a FMF era dirigida pelo actual presidente, na sua primeira passagem como líder da “Casa do Futebol”.

 

No outro do jogo grupo Senegal e Ruanda empataram (1-1).

 

Já se sabia que o jogo seria de impróprio para cardíacos, era preciso ser forte para aguentar emoções de pegar ou largar. Mas o público respondeu com uma enchente jamais vista no ENZ. Cada passe, drible, remate ou defesa era para levar às mãos a cabeça.

 

Aos três minutos, um susto: uma má saída de Malembane ia dar em golo do Benin, só que o remate rasteiro de Abdel bateu na base do poste esquerdo da baliza de Hernani e saiu.

 

O público apoiava amiúde e gradualmente os Mambas refizeram-se de um susto. O primeiro sinal à navegação foi por Ratifo que surgiu no "barulho" a tentar disparar, mas sem efeito.

 

Do outro lado, o Benin estava com altos índices de confiança e, por conta disso, explorava o ataque sempre que possível, através de passe longo. Era preciso Moçambique quebrar o ritmo ousado do Benin, pois a situação estava caótica.

 

Aos vinte minutos, Amudou perde a bola no meio-campo, corre atrás da recuperação, mas acaba com bola a bater no seu braço direito, dentro da área e juiz assinalou uma grande penalidade bem convertida por Steve Mounie para o 0-1 a favor dos Esquilos.

 

Aos 26 minutos, Moçambique responde com duas intervenções de "aviso sério", primeiro por Geny Catamo, depois por Ratifo, ambos chutaram à defesa do guarda-redes.

 

Foram notas que reanimaram o país e como que a dar sequência ao duplo aviso dado, veio o golo de empate por Witi a concluir um cruzamento de Bruno Langa após receber passe de Guima (colega também no Chaves).

 

Ao fim de meia hora, Witiness Quembo, surge próximo da "meia lua" a servir Guima que ganha espaço sobre Richard e remata de primeira para o 2-1 e a consequente "cambalhota". Uma estreia premiada com golo.

 

Sem grandes notas artísticas, mas a ganhar, Moçambique já seguia, teoricamente com missão cumprindo. Imparável, Chiquinho Conde instruía a equipa a jogar para frente. Na plateia, os corações "batiam" e o país acreditava na qualificação.

 

Nos derradeiros minutos da primeira parte, Bruno Langa e Dominguês, numa jogada inteligente quase facturaram, tal não apenas aconteceu porque o defesa esquerdo, ainda que quebrasse a linha defensiva contrária viu o seu remate a sair milímetros ao lado. Depois foi a ordem do juiz para o merecido descanso para todos os intervenientes.

 

 

 

Ponta final electrizante

Semelhantemente a etapa inicial, no retorno, o Benin entrou com tudo para o que desse e viesse. E, volvidos cinco minutos, há um remate cruzado da direita para o coração da área onde Jodel Dossou (50') com um toque subtil de cabeça restabelece o empate a duas bolas.

 

O jogo entrou numa situação ao estilo de “quem marca ganha" e Benin jogava tudo para frente, afinal não tinha nada a perder.

 

Chiquinho Conde apercebeu-se das intenções do adversário e recarregou baterias, na ala direita com entrada de Clésio para o lugar de Witi assim como fez descansar Ratifo e colocar Faisal como novo homem de pressão à defesa do Benin. As escolhas estavam acertadas porque a equipa subiu de rendimento.

 

Os nervos estavam à flor da pele, de parte a parte e técnico do Benin também fez mexidas no seu meio-campo e, por conseguinte, estava feito o "novo baralho" para os restantes minutos do jogo.

 

Aos 71 minutos Geny Catamo flectiu pela esquerda, levou a melhor sobre o adversário e fuzilou forte com a bola a "tirar tinta" da barra transversal.

 

O Benin assustou, mas respondeu cinco minutos depois com um remate forte que Hernani defendeu à primeira e Domingos Macandza fez o alívio final.

 

Seguiu-se um momento, diga-se caracterizado por passes falhados, muitos nervos, enfim, impróprio para cardíacos. Ainda assim, havia nos Mambas algumas "pilhas de energia" sendo que foi nessa toada que Geny Catamo, com o pé esquerdo próximo da área tentou marcar pelo “buraco de agulha” ou seja, pelo vértice superior do poste esquerdo, mas o guarda-redes com categoria desviou a trajectória da bola.

 

Quando tudo indicava que o empate seria o desfecho final, aliás, diga-se em abono da verdade que, essa já era a vontade da maioria dos moçambicanos - o fim do jogo, eis que Clésio Baúque (90+5'), a passe açucarado de Geny Catamo tira da cartola o terceiro golo e coloca o país tranquilo e em apoteose.

 

Na acta do jogo fica eternamente uma vitória justa, merecida e convivente que leva o país ao regresso à fina flor do futebol continental, ao nível das nações, passados 13 anos.

 

A equipa de arbitragem, proveniente do Egipto pouco se deu conta por dela. Tecnicamente estável, fruto de boa coordenação, em termos disciplinares também merece nota positiva.

 

 

FICHA DO JOGO

Estádio Nacional do Zimpeto

Assistência: Cerca de 45 mil pessoas.

Comissário: Dlamini Zide Gilbert (Eswatini).

Assessor dos árbitros: Jean Claude Birumushahu (Burundi)

Árbitro: Mohamed Adel Elsaid Hussein. Assistentes: Sami Mohamed Abouzid Halhal e Youssef Wahif Youssef Elbosaty. Quarto árbitro: Mahmoud Elbana. (Todos do Egipto).

 

DISCIPLINA: Cartão amarelo para Geny Catamo (87').

 

MOÇAMBIQUE: Hernani; Domingos Macandza, Mexer, Malembane e Bruno Langa; Amadú (Nené, 88'), Guima (Shaquille, 77'), Witi (Clésio, 61'), Dominguez (Gildo, 89'), Geny e Ratifo (Faisal, 61').

Treinador: Chiquinho Conde

 

BENIN: Allagbe; Yannick, Verdon, Michel, Rachid, Kiki, Andreas (David, 69'), Sessi (Koukpo,  90'), Junior, Dokou (Prince, 75') e Dossou  (Matteo, 74')

Treinador: Gernot Rohr.

 

Golos: 0-1, Edwin (19'), 1-1, Witi (28'), 2-1, Guima (31'), 2-2, Rachid (49') e 3-2, Clésio (90+5').

 

Classificação final do Grupo-L

Senegal (14 pontos)

Moçambique (10 pontos)

Benin (6 pontos)

Ruanda (3 pontos)

 

FMF